chegada

o sapato sujo da rua

entrando na nossa casa

também suja

da nossa pele morrendo

dos pelos dos gatos

que ficam em trio

ao pé da porta

ouvindo seus passos

chegarem e partirem

pelo corredor vazio

enorme

um território não desbravado

pelos seus bigodes

que medem

passagens

uma janela aberta

deixando passar

a luz

o som, constante

emoldurando

o amanhecer

e anoitecer

as pessoas trilhando seus caminhos

sujando seus sapatos

para levar para casa

o pó

que vai enterrar

seus pedaços de pele morta

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